10.1.08

AS ELEIÇÕES NA ORDEM DOS MÉDICOS

Num momento tão conturbado como o que vivemos nos últimos dois anos, para a medicina e para a saúde do nosso país, as eleições para os corpos directivos da Ordem dos Médicos assumem um papel quase que diríamos fulcral. Porque eles representam oficialmente a classe, e porque esta deve ser um centro motor imprescindível da saúde nacional - pese embora o esforço que está a ser desenvolvido pelos responsáveis pelo ministério para nos comprimir numa funcionarização asfixiante.
As funções da Ordem dos Médicos são antes de mais discutir e apresentar aos cidadãos e aos nossos governantes as opiniões técnicas abalizadas dos profissionais que são o pilar da saúde do país, e ao mesmo tempo fazer valer os nossos direitos e as necessidades para o desempenho da nossa profissão, zelando para que ele seja o mais correcto. A APMCH, oficialmente equidistante de todas as candidaturas e tendo no seu seio apoiantes dos dois candidatos a Bastonário, espera que os que forem eleitos possam desempenhar as suas funções da melhor maneira possível, isto é, a que mais sirva a saúde e os médicos.
Por isso temos visto com preocupação crescente evidências de desejo de ganhar a todo o custo e um empenhamento tão grande que quase toca, nalgumas ocasiões, o desvario. Sejam quem forem os vencedores, são colegas a quem iremos confiar o cumprimento das funções da nossa Ordem, e que acreditamos passada a emoção da disputa saberão geri-la, colaborando uns com os outros, e com todos nós, para esse efeito. Porque o que é fundamental para a nossa classe, e para o país e os nossos doentes, é que os médicos, em conjunto, estejam conscientes do papel que devem ter na saúde nacional e escolham assumi-lo e impô-lo, sem reservas, medos ou falsas esperanças, lutando, se necessário, contra os desvarios, isso sim, das políticas de saúde governamentais.

1 comentário:

Unknown disse...

O que se tem passado nas últimas semanas em relação à eleição para presidente de todos os médicos, é, na verdade INDESCRITÍVEL. Mailings diários de ambas as candidaturas, mensagens para telemóveis (numa utilização abusiva das bases de dados da OM...), insultos pessoais bilaterais, etc... Tem havido para todos os gostos! Felizmente a imprensa generalista não se tem manifestado em relação a estes tristes episódios...
Independentemente de se entender que a razão está de um dos lados, nada há que justifique este tipo de comportamentos por parte de quem terá de presidir a uma Instituição de prestígio, cujo objectivo principal é garantir, e mesmo fiscalizar, um comportamento ético de excelência por parte dos seus associados.
Depois deste triste espectáculo que ambos nos proporcionaram, penso que sairá muito fragilizado quem quer que seja eleito. Na minha opinião deveria ser cancelado este processo eleitoral e iniciado um outro com regras muito bem definidas quanto aos limites de utilização de meios publicitários pagos por todos nós e quanto a comportamentos éticos no mínimo ...estranhos.