14.1.11

Não estamos fartos de falar nisto?!...

A DEBANDADA

11-01-2011

Consultada a lista de Aposentados publicada pela Caixa Geral de Aposentações, referente a Fevereiro de 2011 (DR, 2a série, n°5, 7 de Janeiro de 2011, páginas 859 a 863) verificamos que a debandada continua.
Nesta listagem são 109 os médicos aposentados do serviço público, um recorde para um único mês. Mas, mais grave, muito mais grave, é que dos 109 médicos aposentados do SNS, 65 são Assistentes Graduados e 34 são Assistentes Graduados Seniores (ex-Chefes de Serviço) contribuindo para o decapitar do conhecimento e da diferenciação que porá em risco a capacidade e idoneidade formativa de muitas especialidades médicas e cirúrgicas. Nesta listagem nem escapam famosos cirurgiões, assessores no Ministério da Saúde, dirigentes sindicais, antigos presidentes de Conselhos de Administração.
O SNS corre um risco sério de derrocada. Os que ficam clamam por meios e, mesmo trucidados pela penalização bruta de uma eventual saída antecipada, não hesitarão em pirar-se logo que possível e financeiramente viável. Os que não podem sair vão estoirar perante exigências crescentes de serviços e equipas depauperadas, alimentando eles próprios os absentistas por doença.
Na João Crisóstomo - não passa nada!!! 110 querem voltar! (embora só seja certo o regresso de 39 - os que estão em DR). Inevitavelmente vamos ter de encerrar serviços e concentrar especialidades. Não sabemos é se ainda temos tempo de o fazer de forma racional, pensada e estruturada ou se vai mesmo ter de ser à patada e logo se vê, como é timbre de quem só pensa dia-a-dia.
O SNS, serviço público cobiçado, elogiado, estudado e copiado, está em declínio acentuado, abrindo espaço para manobras salvadoras de pensadores e gestores liberais.
Foi bonita a festa, pá!
Documento retirado do Site do Sindicato Independente dos Médicos - Simedicos.pt

1.1.11

FUSÃO DE HOSPITAIS CENTRAIS - opinião pedida pela LAHC

A Liga de Amigos do Hospital dos Covões (LAHC) pediu à nossa Associação (APMCH) uma opinião acerca da anunciada fusão dos hospitais centrais de Coimbra, CHC e HUC. Hospitais que significativamente têm, ambos, ligas de amigos, demonstrando o bom serviço que têm prestado às comunidades onde estão inseridos e que servem, isto é, Coimbra e toda a Região Centro.
Um hospital, como unidade funcional que é, leva muitos anos a formar-se e a impor-se como uma referência digna de ter uma liga de amigos. Há 37 anos que o Hospital dos Covões (núcleo do CHC) foi constituído, e dele dependeu directamente o extraordinário desenvolvimento da margem esquerda da cidade, onde antes dele eram só  campos e azinhagas. Na realidade é tudo isso que está em causa, com uma decisão aposta num orçamento de Estado que ainda está para se ver se não vai, ele próprio, revelar-se desastroso para o País. Uma fusão de hospitais significa, na verdade, a anulação de cada um deles (HUC incluído, por isso a sua Liga de Amigos, LAHUC, irá ter também de mudar de actividade e de nome), mergulhados num conjunto, neste caso gigantesco, de pessoas, serviços, unidades, departamentos, laboratórios, englobando tudo e todos e talhados artificialmente segundo a vontade política do momento e que levou à sua execução. Coimbra ficará com um único hospital central, e com a única urgência polivalente da região centro. Quer dizer, para quase três milhões de habitantes irão ter de se criar mais dois hospitais centrais, com as suas urgências polivalentes, fora de Coimbra, noutras cidades. Longe do centro de conhecimento médico que Coimbra ainda é, mas que a pouco e pouco irá deixando de ser, com esta descentralização. Para quem quer concentrar tudo (hospitais, escolas, serviços administrativos), parece que de Coimbra se quer é descentralizar - para concentrar noutra cidade?... Longe da sua Universidade?...
Um hospital grande em demasia não é governável nem rentável. Chegou-se a essa conclusão nos anos 70, e desde então a evolução tem sido criar hospitais mais pequenos e eficientes e cindir os demasiadamente grandes em vários mais pequenos e manobráveis. O que não quer dizer que esses não possam e devam colaborar entre si. A ideia de CHUC (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra) deveria centrar-se antes num grupo de unidades hospitalares (que já existem, formadas e funcionantes), adequadamente dirigidas e geridas, ligadas à Universidade, à investigação e ao ensino da medicina e actividades afins, melhorando tudo e todos. E dificilmente um monstro criado fora do seu tempo, por razões políticas e economicistas, poderá servir esse objectivo.
APMCH, 1 de Janeiro de 2011