20.5.08

As Urgências e a queda de uma comissão

A substituição de um sistema com provas dadas durante trinta anos, e longe de se ter esgotado, por um outro que não se percebeu ainda qual é, só poderia dar origem a confusão, e a desorganização, o que leva inevitavelmente à descrença e à angústia. E estas não são boas conselheiras, especialmente numa área tão importante para todos e cada um como é a saúde.
A reorganização das urgências não fugiu a este quadro. A famosa “incompreensão” geral do que foi planeado nesse campo traduziu acima de tudo um desacordo, também pelo proposto mas sobretudo pelo modo como o ministério o executou. “Não se percebe” como se fecham urgências antes de se criarem as que as iriam substituir. Mas compreendeu-se que se queria era fechar. Com certeza para poupar dinheiro, isso entendeu-se, diminuindo os meios técnicos e humanos, concentrando-os, mas também dificultando o acesso dos doentes aos centros de urgência restantes. Pensou-se muito nas grandes e aparatosas emergências, deixaram-se esquecidas as “dores de barriga” – que podem ser tudo, só depois se vê.
Foi um trabalho longo, creio que com aplicação, mas com poucos resultados. Para lá de um evidente: ter contribuído objectivamente para a queda dum ministro que já ninguém desejava. O trabalho da Comissão esgotou-se, estava na hora de terminar.
Carlos Costa Almeida, in Semana Médica, 15-21 Maio 2008

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