12.9.07

COMENTÁRIO À LEI DA MOBILIDADE QUE SE ANUNCIA A APLICAR DE IMEDIATO À SAÚDE

Não nos espanta o que está prestes a passar-se. A ideia força no governo tem sido não gastar dinheiro com a saúde, reduzindo ao mínimo o que é fornecido pelo Estado às populações doentes. Em vez de se procurar manter a capacidade instalada no sector público e tirar mais proveito dela, desfaz-se o que há, agora até em termos de recursos humanos.
Mas já há muito dissemos que temíamos que a empresarialização da nossa saúde pública, nomeadamente dos hospitais (agora empresas), seguisse as regras das empresas "à portuguesa": face às dificuldades de gestão, não são os gestores os responsabilizados - começa-se por pagar mal ou deixar de pagar aos empregados, depois despedem-se os empregados, no fim fecha-se a empresa. Vamos dentro desse caminho.
E também receamos que essa mobilização, ou melhor, desmobilização, seja outro mecanismo para afastar mais, agora de maneira mais definitiva, para mais longe, todos os que sejam incómodos para a administração, por terem e emitirem a sua opinião, falarem, criticarem, mostrarem os podres, dizerem o que está mal ou é injusto. Quem não for "yes-man" poderá ter o seu futuro comprometido na função pública. Já se previa, está na lógica governamental, mas não deixa de ser preocupante a semelhança desta situação com outras de má memória no nosso país.

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